quinta-feira, 28 de maio de 2015

O SUS, os Huck e a Mídia

Acho a internet uma das grandes invenções do homem, nos mesmo patamar como a roda, a agricultura, a engenharia, a locomotiva, o telefone, o cinema, entre tantas outras. A internet nos possibilitou uma nova forma de vida social, produção econômica e até novas fronteiras na epistemologia e em outros campos filosóficos.
Só que ela, a internet, tem o mesmo potencial para gerar coisas negativas e inúteis. Basta lembrarmos das “polêmicas” que coalham a rede. Na verdade, verdade mesmo, estou meio cansado de escrever sobre essa característica da internet. Acho que é algo meio intrínseco à capacidade humana de criar coisas bacanas e ao mesmo mal utilizá-las. A ciência talvez seja outro grande exemplo dessa capacidade perversa.
A polêmica da vez tem a ver com o acidente aero sofrido pela família dos Huck e seu staff. Como já se sabe, o piloto fez um pouso forçado para evitar que algo de mais danoso acontecesse com os tripulantes e passageiros do avião.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Diário de Bordo, Data Estelar 92944.25 (Eu, um narcisista?)

Sou um homem de poucas, pouquíssimas, vaidades. Não me importo muito com meu visual, tanto no que se refere a forma física ou a indumentária. Sempre cortei o cabelo em casa e usei a barba de pelo menos uma semana. Minhas poucas vaidades são todas relacionadas ao meu lado mais intelectual, sempre me pavoneio em relação à aquisição e manipulação dos meus saberes, hábito que considero um dos maiores defeitos possuídos por mim. Mas de todas as minhas vaidades, essa aqui, de escrever, é com certeza a minha maior. Tenho muito orgulho, além de prazer, de ser escritor, mesmo sendo extremamente realista sobre minhas capacidades e habilidades, um dos dias mais felizes da minha vida foi quando peguei em mãos pela primeira vez o meu primeiro livro.
Por conscientemente ser tão pouco vaidoso, ou seja, eu me enxergo e me entendo como tal. Tal foi, então, o meu espanto ao descobrir em terapia que muitas das causas dos meus sofrimentos emocionais vêm justamente do outro lado do espectro: durante as minhas sessões no divã descobri que sou muito carente e altamente autocentrado. Preciso de atenção e que a atenção seja direcionada para mim.
Semanas depois dessa descoberta, tal entendimento ainda me causa estranheza. Como posso ser ao mesmo tempo uma pessoa sem vaidade, sem orgulho e ser carente, necessitado? Para mim essa é mais uma das minhas muitas contradições e conflitos que acabam por me definir.

Algum pensador, mais sábio e mais bem resolvido do que eu, já terá formulado que a nossa definição é a soma do que somos e do que não-somos, aliás, todas as coisas do mundo são definidas pelo que são e pelo que não-são – o ser é o não-ser não-é – o grande problema, pelo menos no meu entendimento, está justamente em saber dar valor a ambas as partes. Eu, até agora, não soube equacionar as afirmações e suas negações.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Diário de um Professor: A Pedagogia da Violência

Nas últimas semanas, em todas as esferas de comunicação, uma discussão tem sobressaído: a votação da PEC 171/93, que reduz a maioridade penal no Brasil de 16 para 18 anos. Não pretendo, agora, discutir com você, leitor, sobre o mérito dessa proposta de emenda constitucional, pois ainda não consegui formular uma posição definitiva sobre o tema. Acredito que há justificativas racionais em ambos os lados do debate, que em sua maioria tem sido elaborado pelo fígado e não pelo cérebro. A discussão deve ganhar ainda mais visibilidade com a morte, por um menor de idade, do cardiologista Jamie Gold no Rio de Janeiro no último dia 20.
Um dos fatos que mais me saltou aos olhos desse caso foi que o menor já havia indo e voltado diversas vezes tanto de ações sócio-educativas como de ações punitivas. Salta-me aos olhos pois o sistema de correção juvenil apresenta no Brasil um baixo índice de reincidentes.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Um Beijo Irlandês pro Seu Recalque!


Que dia maravilhoso foi o último sábado (23)!
E por que, deve estar se perguntando meu raro leitor. Simples: em um plebiscito a República da Irlanda, um país com fortes influências católicas e que até o não tão distante ano de 1993 era proibido qualquer forma de expressão homossexual, legalizou o casamento gay, e faz parte hoje de um pequeno grupo de 19 países onde o casamento gay é legalizado, o Brasil incluído nesse rol.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Diário de um Professor: Enfim, me Venceram

Às vezes, ser professor não faz o mínimo sentido. Temos que, ao mesmo tempo, ser profissionais e exercemos nossa profissão com maestria e ser uma espécie de santos que recebem apenas com amor e carinho pelas suas funções. Faz sentido você chegarmos para um CEO e falar para ele: “olha, você vai ganhar um salário bem abaixo das suas necessidades, mas sabe como é, você faz isso por amor, contente-se.”. Para mim, sentido não faz algum.
Nós, os professores, estamos em luta por melhores condições de trabalho e uma remuneração, ao menos, decente. Durante meu período na faculdade muitos dos meus colegas simplesmente não queriam ouvir falar em magistério para seu futuro profissional. Ou seja, em uma das melhores universidades brasileiras, em um curso que é atrelado ao ensino, formam-se, de fato, poucos professores. Não culpo meus colegas e pares.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Edmilson, o Taxista

Dias atrás, por conta do trabalho, tive que fazer uma longa, longa viagem de táxi. É bom apontar que adoro conversar com pessoas, ditas, comuns: atendentes de lojas, taxistas, cobradores de ônibus, vendedores, porteiros, etc. Acredito profundamente que se você quiser conhecer o âmago de uma determinada sociedade você precisa conhecer a visão dessas pessoas que formam as camadas bases dessa sociedade. O taxista, Edmilson, como o zagueiro pentacampeão, era um desses tipos simpáticos, que adoram conversar e que não tem medo de se expressar, daí foram duas vontades que se uniram, a dele de conversar e a minha de ouvir.
O Edmilson, nosso taxista, porém era do tipo que é totalmente contrário à tudo aquilo que acredito: sonha que os militares voltem ao poder, quer que menor infrator, não importando o delito, seja trancafiado, acha que bandido bom é bandido morto, acredita que professores não tem o direito de fazer greve, etc. Edmilson, enfim, era um conservador e reacionário, de quatro costados, nada dessa onda neocon de Facebook. Ele me disse que acreditava que o último bom político foi o Doutor Paulo e que o governador Alckmin estava trilhando um belo caminho para se tornar um bom presidente.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O Benefício da Incerteza

Andando pelas ruas do meu bairro, em um cenário muito prosaico e bucólico, me peguei em dúvida: será que estou acordado ou dormindo? Pode parecer meio ridículo, ou fugaz, mas e quantas às vezes você, e eu, não teve um sonho e se pergunto, durante o sono, se estava acordado ou dormindo? Por que uma situação se qualifica mais “verdadeira” do que outra? Isso é discussão para uma outra hora.
Pensando através de uma forma mais filosoficamente, como podemos confiar tanto na razão quanto nos sentidos na construção e entendimento do conhecimento, tanto no âmbito material quanto metafísico, pois ambos já se provaram falhos e imprecisos. Dessa forma me pergunto como podemos caracterizar o que é a realidade e o que de fato acorre em nosso entorno.
Acredito que há duas soluções para esse pequeno problema, o primeiro e talvez o mais fácil de se concluir, não que traga alguma forma de desolação intelectual e emocional, é que essa realidade não existe. Essa lição, a negação de tudo, é ensinada muito pelos filósofos alemães pós-Schopenhauer e seu pessimismo.