“A razão, por mais que
grite, não pode negar que a imaginação estabeleceu no homem uma segunda
natureza.”
Blaise Pascal
A nossa mente é constituída, não
pelo ponto de vista biomédico ou neurológico, de dois campos distintos de
apreensão e manipulação do saber: a Imaginação e a Razão . A primeira nos é
inata e precisa ser estimulada para não definhar; já a segunda é artificial e
precisa ser desenvolvida em um ciclo que tende ao infinito. Em ambos não há
nenhum tipo de negação ao raciocínio, pois este é a natureza de ambos, pode-se
assim concluir que a imaginação e a razão são categorias da mesma natureza. Como
apresentarei em um ensaio no presente volume, a Essência do ser é múltipla e
interior, já a Aparência é singular e exterior, ou sejam pode ocorrer mais de
uma Aparência para uma Essência. O Saber é aqui aproximadamente nossa Essência,
e a Imaginação e a Razão aparências daquelas. Em termos semânticos temos que a
Razão e Imaginação são a mesma coisa, porém vem-a-ser outras. Agora que não há
mais dúvidas em relação ao espaço, dedicar-me-ei à Imaginação, ou melhor, ao
seu uso como método cognitivo em prol da solução de problemas, de qualquer
natureza, sempre abordando um ponto de vista criativo.
A Imaginação é o campo da mente
que se ocupa das categorias mais dinâmicas e não concatenadas, que não apresentam,
necessariamente, uma relação de causa e consequência. No fundo tudo o que o
Belo acaba por tocar faz parte da Imaginação; desse modo, muitas pessoas tendem
a confundir, em termos conceituais, ela com a fantasia ou com algo irreal, porém
uma realidade sem qualquer toque imaginativo torna-se assim opaca, sem força.
Ela, todavia, não é nada além do que uma forma de raciocínio mais livre e sem
as amarras do binômio causa-consequência. Da Imaginação, a Dialética passa a
quilômetros, à deriva. Aqui é o reino do individual, do caráter mais individual
do pensamento. Para ela existir é necessário, também, haver o fator da
criatividade.