Não há nada o que se escrever, a não ser a palavra nada,
quando, o tema, falamos do assunto nada. O nada é, antes de qualquer coisa,
autoexplicativo e auto sintático. O nada é nada; e é tudo. Quanto mais se fala
do nada menos se fala; logo tanto faz, é vão, inútil, falar, ou escrever, do e
sobre o nada; afinal ao se falar ou não sobre o nada chegamos à mesma
conclusão: nada.
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Pequena Prosa 10: Uma Carta
É meu amigo...
Outra vez a caneta corre o papel em busca das palavras
certas; uma tentativa mesmo que vã de resumir em uma figura tudo o que
nutrimos. Deveras sentimental e subjetivo sou, sem o mínimo dever de
universalidade; mas como ter e não ser se relato algo é sentimental, subjetivo
e particular?
No cerne da minha existência reside. A nós é legado a
herança de Jasão e os Argonautas; compartilhamos medos, credos, insanidades,
momentos, olhares, sons, gostos, literatura, música e por que não dizer amor?
Busque em si a felicidade só sua, infelizmente seria um
fracasso meu tentar dar-lhe ela.
Há muito, muito mais, que poderia ser dito, escrito, sentido
para, e por, você. Mas, uma lástima, sou refém das palavras.
Conversa Metafísica Sobre Semântica ao Despertar de um Novo
Dia
- Veja! O Sol surgindo por entre os concretos frios.
- É... mais uma noite. Música, cinema, literatura e
desesperança...
- Não seja assim tão pessimista. Há outras coisas além do
tédio.
- Não quando em crise...
- Qual crise?
- Essa que vivo; uma expressividade muito aquém da
necessária...
..................................................................
- Nós todos temos esses momentos.
- O que mais me incômoda é esse silêncio. Silêncio cego...
- Entendo. Está vivo?
- O quê?
- Você.
- A questão é semântica...
- Como?
- Não é bem estar; e sim o que é ser vivo...
- Muito bem colocado.
- Será essa minha maldição, semântica?
- Estamos, todos, presos a ela.
- Sim...
- Mais um dia.
..................................................................
- Sim outro dia...
- Há algo de muito vago nisso tudo.
- Pois é...
Tais palavras postditas desintegram-nos e os arremetem
direto para onde nunca deveriam ter saído; eles, surdamente, penetram, com a chave,
o mundo das palavras.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
Pequena Prosa 09: O Retorno
Entre tantos outros caminhos, meus irmãos-da-costa
indicavam-me a volta, o retorno, o lar. Tantos dias, tantos dias. No exílio
índigo da imensidão netunica, perco-me o olhar por tantas e tantas
vicissitudes.
Eu fui sem nunca ter sido.
O mar, meu repouso eterno, esperava-me. A coragem não era
requisito, enterrei-a na primeira praia que aportei.
Ali estava, mais uma decisão, qualquer decisão eles iriam
acatar, sem nem pestanejar, sem hesitar. Estavam fatigados de guerra, de
pilhagem, de batalhas, de mar. Saudosos de belas curvas e terra firme, e de um
cão sarnento e companheiro, estavam também.
Eles conquistaram a glória.
A glória de estarem fatigados. Caberá a mim a glória do
rodapé.
Uma palavra, somente uma palavra.
Era o que esperavam: lar, a volta dos meus pesadelos, do
medo, de mim. Lá, naquela casa azul, não era eu, não era aquele.
Era indefinido.
Era mais eu do que eu.
Um estado civilizado de ser selvagem. Os medos, os anseios,
os receios, as faltas, a história, não existiam ali.
Éramos eu, o navio e o amor. Nada mais.
Sim, estava fugindo.
Fugindo de tudo aquilo que fizera ser seu.
Chega!
Basta!
Não vou mais fugir; a coragem renasce, assim como o sol, ó
astro imortal, faz o dia. Uma única palavra e exorcizaria o covarde que me rói
o ser.
Uma única palavra dita com convicção, com tanta assim como a
que o mar levou para a costa.
Uma palavra, mesmo dissilábica, seria meu réquiem renovador.
Dissera, então:
- Casa.
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Pequena Prosa 08: Infinito
Estou eu biblioteca adentro.
Tantos autores, tantos títulos, tantos estilos. Nesse
pequeno infinito, dentre tantas outras possibilidades, escolho um livro o qual
me envergonhava de nunca tê-los às minhas mãos. Uma edição, a 39ª, de Sagarana, infelizmente sem as
ilustrações preliminares de Poty, de João Guimarães Rosa.
Penso no infinito, No infinito de suas palavras, no infinito
de Guimarães Rosa, no infinito de probabilidades, no infinito de mãos, e
cabeças, que manejaram, manejam e manejarão esse mesmo livro, no infinito do
infinito.
Penso no infinito.
No
meu infinito
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Pequena Prosa 07: O Visigodo
A longa espada adormecida está cravada entre rochas
flageladas, ambas leais e valentes nas guerras, tingidas de rubro e fluído
viscoso, que antiga e única companheira era-me ela, servindo-me, agora, de
repouso cansado.
Havia fogo, corpos, asco e medo por onde tocava a visão.
Cansado, abatido, ferido e com as mãos postas em cima do cabo estava eu, um
visigodo perdido em meu tempo. Era passado ou presente? Não sei, meus olhos
estavam cegos diante de tantos embates, batalhas e combates.
Não suporto, não mais!
Casa?
Onde seria?
Onde estaria?
Não mais lutaria, era vão aplacar em fúria contra os
inimigos. Eu viera a me tornar um deles, meu inimigo.
Pelo que lutava?
Não sabia.
Somente sabia sentir o sabor salobro de suor, sangue
surgindo do solo. O medo da destruição invadia-me a razão. Farei da sombra meu
destino.
Não mais espadas!
Não mais batalhas!
Não mais guerras!
Não mais!
Desistiria de ser eu mesmo e de ser o que outros eram eu.
Na sombra do meu destino e no exílio de minha existência
iria viver. Não mais guerreiro, não mais visigodo!
Viveria em paz.
Conseguiria eu viver com a memória daquele cheiro?
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Pequena Prosa 06: Ironia Infernal
Ao renunciar a vida, o Suicida, execrável habitante de
qualquer cemitério, caminha, com o buraco que desfalecera sua nuca, em alguma
planície de algum rio de algum círculo do Inferno (o cristão).
Inferno para outros, para ele redenção.
Todo ódio, medo, asco, dor e mentira findara no momento do
disparo. A bala que avançava em meio a sangue, inteligência e memória levava-o,
definitivamente, à vida.
Uma simplicidade feliz irradiava de seu ser.
Era deveras feliz.
Enciumado de tal alegria e felicidade Satanás – ou Lúcifer,
Capeta, Demônio, Belzebu, escolha, todos eles são o próprio Capiroto – fala com
ele.
Com ar Inquisidor vai julgando, dissimuladamente, seu réu.
Então volta de volta à vida, a sua vida.
E do Paraíso se fez Inferno, e do Inferno se fez vida e da
vida se fez morto.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Paixão e Razão
Um bom lugar para praticar a filosofia Heideggeriana |
Se não me engano, e pode ser que esteja, foi o filósofo alemão Martim Heidegger que sentenciou que o fazer filosófico só pode ser operado quando o sujeito está livre das paixões, ou seja, para usarmos a razão de forma crítica, positiva e propositiva, é preciso estar com o espírito calmo, como um lago sem perturbações. Claro que os gregos, lá na Antiguidade, já haviam nos alertado sobre esse necessidade de paz interior para “pensarmos melhor”.
É preciso serenidade para filosofar.
Sou, podemos por assim dizer, uma pessoa racional, ou pelo menos tento; compactuo com o mestre alemão que a razão é melhor utilizada quando estamos serenos e afastamos as paixões do cerne do objeto ou problema a ser pensado.
Pequena Prosa 05: Talento
Às vezes pego-me pensando em como decifrar a, como diria
Borges, a mágica e os sons das palavras. Foge-me a coragem de ser poeta ou de
ser poesia. Falta-me a coragem, quiçá audácia, de ser Borges, Joyce, Rosa e
Cortázar.
A Jorge Luís, James, João e Júlio meus mais sinceros pedidos
de desculpa...
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Pequena Prosa 04: Diálogo Interno
Estávamos eu e meu outro–eu uma vez mais sonhando.
Divagávamos.
Longe, muito longe.
Em algum lugar entre o gozo e a morte perdíamo-nos nessas
nuances indecifráveis para mortais, como eu.
Os assuntos?
Falávamos de deus.
E sua ausência.
E seu poder.
E seu medo.
Sou, bom saber, ateu, não por descrença, e sim por falta de
crença.
Deus, infelizmente, nunca bateu à minha porta, e faz-me
falta uma crença, fé.
Ser desprovido de fé e, ou, crença e ser escravo de um
pensamento, tido, como livre e racional é um flagelo.
Aos grilhões e aos ferros dos meus pensamentos estou fadado
a conviver e viver.
Oxalá!
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Deus e o Diabo na Mesa de Reunião
O que o blogueiro tem vontade de dizer quando alguém começa a rezar no firmão. |
Há alguns meses resolvi me bandear para o “mundo corporativo”, deixei minhas atividades pedagógicas e criativas um pouco de lado e comecei a trabalhar numa empresa multinacional. Foram vários motivos que me levaram a isso, e acho que não é interessante expor aqui as minhas motivações pessoais nesse caso.
Constatei que vivia numa pequena e confortável bolha: convivia muito com alunos do ensino base, com a minha família e com colegas de curso e profissão. Tinha outro entendimento do mundo, muito por conta das similaridades nos discursos, na ideologia, na visão de mundo e realidade.
Para mim, foi um choque conhecer, numa só leva, tantas pessoas evangélicas, praticantes ou não, o mais estranho e absurdo que isso possa parecer. Foi um choque, e súbito diga-se de passagem, perceber como o discurso religioso e místico está impregnado na estrutura social que nos rodeia.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Diário de Bordo, Data Estelar 69379
Indo audaciosamente aonde nenhum homem jamais esteve |
Sou um animal sensível. Eu sinto as dores e prazeres do mundo. De forma intensa, profunda e irremediável.
Esse é uma das conclusões óbvias, de tão óbvia que eu simplesmente ignorava, que eu cheguei em quase dois anos de terapia, e contando. Aliás, uma das coisas que mais me espanta na terapia é quão cego somos para a nossa própria subjetividade.
Há tempos não escrevia, pelo menos aqui, sobre a minha condição de saúde, sobre a evolução do meu caso. Acho que esse tipo de texto é o único que seja realmente válido para o público em geral que frequenta aqui.
Revoluções
Todo ciclo tem seu fim em seu início
A vida é um eterno reciclar
Estamos no começo e no fim de tudo
O fim, o começo, são faces desbotadas
No mesmo espelho quebrado
Como Dante, estou na meia jornada da vida
E perdido numa selva tenebrosa me encontro
Chego a mais um fim circular
Aonde repousa a esperança de horas melhores?
No começo desse mesmo ciclo
Todo ciclo tem seu fim em seu início
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Sexismo no Boteco
Ontem escrevi sobre a minha viagem a Porto Alegre, você poder ler o post aqui, e uma das coisas mais legais foi ter ido num boteco. Dez anos de amizade à distância pedem um reencontro em um local aonde haveria boas conversas, risadas, bebidas e comidas.
As conversas iam indo, todo mundo rindo, quando de repente, não mais que de repente, um amigo meu chama a atenção para si e exclama:
“Depois as mulheres reclamam de machismo” e aponta para duas comandas, uma sua e outra de sua namorada. Na parte de baixo de ambas dois valores diferentes de consumação mínima. No caso, homens pagavam R$ 20,00 e mulheres R$ 10,00. E depois continuava:
“Se o feminismo fosse para valer, lutaria por essa igualdade.”
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Deu Pra Ti, Baixo Astral...
No último feriado, fiz algo que há 10 anos venho atrasando: fui para Porto Alegre, após dez anos. Dez longos e tenebrosos invernos.
A cidade tem um papel fundamental na minha vida, no meu estado de espírito, pois é o lugar aonde mais me sinto em casa, apesar de ter nascido em São Paulo. Não sei explicar, mas existe algo nas ruas da cidade que me completa, algo quase simbiótico. Para quem me conhece minimamente, sabe da importância que a urbe tem, foi lá que tive meus primeiros amores e desamores, criei uma verdadeira guilda de amigos, aprendi a ser feliz, a ser triste, etc. etc. etc. Porto Alegre me proporcionou uma verdadeira educação das afetividades.
Retornar depois de tantos anos, que no momento em que meus amigos me apanharam no Salgado Filho se tornaram ao mesmo um mísero instante e um infinito. Poeticamente, a década ausente durou uma batida do coração.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Jihadistas na Vila Carrão
Mulheres utilizam o hijab tradicional |
Os últimos episódios de terrorismo ao redor do mundo tem mostrado, mais uma vez, o lado mais feio, sim, estou sendo pueril, da humanidade. Seja por conta dos ataques em si, para mim que não professo fé alguma, não faz sentido você tentar dominar alguém por conta de uma crença, de meia dúzia de conceitos metafísicos, apesar de respeitar e entender quem tenha fé, seja por conta das consequências sociais sejam elas políticas/militares.
É urgente notar que, não importa as ações militares ou políticas, o terror ganhou a guerra. As cicatrizes geradas por uma série de ações e reações, todas truculentas e atabalhoadas, gerou o novo arranjo geopolítico do século 21.
Não há mais como fechar a caixa de Pandora: para o Ocidente, em termos gerais, todo muçulmano é um terrorista-jihadista-fundamentalista em potencial, e para o Islã todo ocidental é um sionista-imperialista-inimigo-da-fé em potencial.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
No Ombro de Gigantes
Como muitos, subo nos ombros de gigantes
Além do óbvio, vejo a poética da minha vida
Toda sua narrativa em cores pálidas
Seus abafados cheiros sombrios
Pouca coisa sobrou para se sonhar
Vivi, como uma pluma, na intensidade do pulsar
Aqui, dos ombros, o passado me parece vazio
Oco e esguio. O passado é sol ponente.
Sou poeta e a esperança é minha nutrição
Estando na companhia de gigantes
Só há uma direção possível para o olhar:
O sol nascente.
Além do óbvio, vejo a poética da minha vida
Toda sua narrativa em cores pálidas
Seus abafados cheiros sombrios
Pouca coisa sobrou para se sonhar
Vivi, como uma pluma, na intensidade do pulsar
Aqui, dos ombros, o passado me parece vazio
Oco e esguio. O passado é sol ponente.
Sou poeta e a esperança é minha nutrição
Estando na companhia de gigantes
Só há uma direção possível para o olhar:
O sol nascente.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Pequena Prosa Pequena 03: Noite em Claro
Mais uma noite, outra como tantas outras, que passaria em
claro. Já fizera de tudo: lera, pensara, rolara. De tudo mesmo. Meus pés
sentiam uma grande autonomia, iam a lugares inesperados. Sentia o desespero de
mais uma noite em claro. O céu não era o mesmo, sabia sim muito bem. Não apenas
amarrado na teoria física. O céu não era o mesmo posto que não fosse, ele, o
mesmo. Sua vida uma eterna linha continua. Linha não, círculo. Continua, não
havia secções nela. Havia, sim, progressos e regressos, mas era uma linha
(círculo) e continua.
Quando os pés se acalmaram ele fora deitar-se mais uma vez.
A mesma vista de todos os dias. Borges de cabeceira (Ficções e O
Aleph), o despertador, barulhento e incomodo, e a luminária. Tudo isso em
um criado mudo, que no Rio Grande do Sul se chama bidê, herdado de uma tia avó.
O sono não vinha apenas o sonho. Ou a vontade de sonhar de
ali não mais retornar. Havia algo de estranho em sua cama. Algo que lhe causava
angústia e repugnância. Talvez fosse a rotina: dormia lá desde que não dormia
mais em berços. O problema da insônia seria a cama, ou seu ocupante? Dúvida
compartilhada por ele inclusive. A sensação de cansaço, de derrota, de
dormência, o vence. Estava mergulhando no reino de Morfeus.
Quando um som estridente, um som indesejado, invade lhe o
quarto. Não vale o esforço literário de descrever qual fora esse som. Sua
definição fora logo ignorada, o que foi relevante fora o despertar provocado.
Não iria dormir. Estava acabado. Estava entregue. Estava rendido. Estava
vencido.
E de tão vencido acabo dormindo.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
Pequena Prosa Pequena 02: A Defloração
para uma mulher há muito esquecida.
Eu e ela, naquela tarde, em outra
vida. Nossos corpos ainda estavam trêmulos, foi tudo assim tão mágico, tão vivo
com tantas cores, várias coisas, indefinido assim. O silêncio, o tão austero
silêncio, estava por lá. O diálogo era inútil, nossos corpos, nus, gritavam
tudo que precisávamos ouvir. Enfim em um delicado abraço nos perdíamos nele e
em nosso resoluto desejo. Como fora tão vivo, tanto que ainda sinto o odor do
momento. Nada, nenhuma palavra, verso, linha ou poesia seriam capazes de
descrever perfeitamente, e delimitar, o ocorrido, o consumado.
Sim! E era definitivo: eu a
amava, ela me amava, mesmo que apenas no tempo efêmero de um orgasmo. E isso
fala por si só.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Pequena Prosa Pequena 01: Triagem
para Rosi, sem ela essa pequena história seria simplesmente impossível.
É tarde da noite, quase adentramos o mais profundo do reino
da deusa Nix. Estamos dentro de uma sala de recepção da seção de
pronto-atendimento de um grande hospital público. A cidade, o bairro, pouco
importam, pois há um caráter universal na história a seguir.
A sala é arejada, toda branca, iluminada com luzes brancas,
dando a impressão de estarmos em um lugar limpo e totalmente livre de todas as
ameaças possíveis que possam conter em um hospital dessa magnitude.
Opostamente à porta de entrada, há uma ampla mesa de
madeira, provavelmente alguma espécie de compensado, com as bordas amadeiradas
em cor marrom. Há, ainda, divisões de workstations, de vidro, há pelo
menos umas 15, onde cada pessoal tem um monitor de computador, um teclado e um
mouse.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
Ser e Estar
Uma das melhores características das línguas latinas, linguisticamente falando, é que temos dois verbos para caracterizar o que somos. Diferentemente das línguas germânicas, o inglês por exemplo, podemos diferenciar algo que é permanente, através do uso do verbo “ser”, de algo que é transitório, através do uso do verbo “estar”, sem grandes problemas ou construções gramaticais.
Em inglês, por exemplo, a frase “You are sick” pode determinar que uma pessoa está com uma doença leve, como uma gripe, ou algo mais grave e irreversível, como um câncer em estado avançado.
Ponto para os latinos.
Essa minha pequena reflexão linguística, hipotético leitor, me surgiu graças à uma conversa em rede social, essa praga virtual, que surgiu depois de uma piada, a qual eu acho muito sem graça, sobre torcedores do São Paulo e do Grêmio serem automaticamente tachado de gays, travestis e transgêneros. Durante a conversa eu soltei “você está sendo homofóbico”.
A pessoa com quem conversava, pessoa muito letrada e politizada, por sinal, me acusou de estar acusando ela de ser homofóbica. Tal constatação me causou um espanto tremendo: será que eu não estava sendo claro com a minha expressão de algo transitório, afinal a pessoa, assim como eu, defende em muito os direitos à igualdade dos LGBT.
Quebrar preconceitos que nos são imputados desde os primórdios da nossa educação é um trabalho árduo que requer muita reflexão, muito diálogo, e até uma luta interna. O tempo, ah, o tempo, é implacável, o que hoje é aceitável como comportamento padrão daqui há alguns anos pode não ser mais.
Assim como o contrário. Se retroagirmos vinte, trinta anos, ser gay era considerado obscenidade em muitos países, nesse quesito eu recomendo o longa O Jogo da Imitação, e era passível até com pena de morte, o que em muitos países onde impera a sharia ainda acontece.
Dessa forma, você pode não ser homofóbico, não ter ódio contra gays, lésbicas, travestis e transgêneros, mas pode estar homofóbico ao fazer uma piada ou ofender alguém dizendo, de forma preconceituosa e escarnecida, que ela é LGBT.
Aliás, ofender alguém chamando-a de gay é passível apenas de desprezo, afinal ser gay não é, nem de longe, uma ofensa. Como disse, leva um bom e longo tempo para perdemos todos os preconceitos que temos, não importa o quão ilustrado, engajado na causa, e “mente aberta” somos,afinal o preconceito, o racismo, a etnofobia, o machismo, entre outros tipos de ódio, são todos construções sociais, culturais e pedagógicas, e demanda tempo e disponibilidade para quebrá-los, e é um processo cheio de fluxos e refluxos. Simplesmente cortá-los é uma tarefa, pelo menos, complicada.
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Megalomania
Envolto nos braços de algum herói
trágico
Me desfaço das roupas da guerra
Estou cansado, farto e ferido
A batalha está perdida, a guerra
sem sentido
Sem esperanças ou sonhos, abraço
meu destino
Será o meu drama, minha tristeza,
meu sofrer
Meu desencanto, minha
infelicidade, minha insônia
Meu desalento, meu futuro, meu
gozo,
Minha temperança, meu regozijo,
meu saber
Minha lira, meu encanto, minha
beleza
Maior do que outro homem?
Sou filho da minha própria alma
Meu maior medo é de eu seja eu
mesmo
Quem outrora fui sentenciado a ser
Um futuro próspero e reto
Quem sou eu para desejar mais?
O que mais quero é quebrar as
vidraças
Desse castelo de cristal que
envolto estou
Os heróis de nada mais me adiantam
Repousar confortavelmente em dor
Daquela que brota das profundezas
d’alma
É meu destino por mim traçado
E quem me impedirá?
Essa gigante quimera que se
esconde
Se esconde atrás, ali, do espelho.
Eu, a pedra no meio do caminho.
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Existe Iniciativa Privada no Brasil?
Vivemos
um período singular na história da república brasileira, ainda mais
pós-Ditadura Militar. Vivemos um período onde, aparentemente, pela primeira vez
temos os senhores que controlam Pindoroma desde seu alvorecer colonial sendo encarcerados
pelos vastos crimes cometidos contra o próprio conceito de república. Não é
todo dia que tesoureiros de partidos governistas, executivos de grandes
empresas, entre outros figurões, são detidos e posto em posição de vexação
pública. Bom, pelo menos não por aqui.
Uma
coisa me chama muito atenção nas investigações lançadas pelas operações
Lava-Jato e Zelotes é como a, dita, iniciativa, dita, privada é tão dependente
do Estado brasileiro. Até onde tenho conhecimento, não existe nenhuma grande
empresa brasileira, com sede e origem aqui, privada que não dependa de alguma
forma das benesses de um Estado forte e paternalista, seja através de
empréstimos facilitados ou isenções fiscais de todo tipo.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
O SUS, os Huck e a Mídia
Acho a internet uma das grandes
invenções do homem, nos mesmo patamar como a roda, a agricultura, a engenharia,
a locomotiva, o telefone, o cinema, entre tantas outras. A internet nos
possibilitou uma nova forma de vida social, produção econômica e até novas
fronteiras na epistemologia e em outros campos filosóficos.
Só que ela, a internet, tem o
mesmo potencial para gerar coisas negativas e inúteis. Basta lembrarmos das
“polêmicas” que coalham a rede. Na verdade, verdade mesmo, estou meio cansado
de escrever sobre essa característica da internet. Acho que é algo meio intrínseco
à capacidade humana de criar coisas bacanas e ao mesmo mal utilizá-las. A
ciência talvez seja outro grande exemplo dessa capacidade perversa.
A polêmica da vez tem a ver com o
acidente aero sofrido pela família dos Huck e seu staff. Como já se sabe, o
piloto fez um pouso forçado para evitar que algo de mais danoso acontecesse com
os tripulantes e passageiros do avião.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Diário de Bordo, Data Estelar 92944.25 (Eu, um narcisista?)
Sou um homem de poucas, pouquíssimas, vaidades. Não me
importo muito com meu visual, tanto no que se refere a forma física ou a
indumentária. Sempre cortei o cabelo em casa e usei a barba de pelo menos uma
semana. Minhas poucas vaidades são todas relacionadas ao meu lado mais
intelectual, sempre me pavoneio em relação à aquisição e manipulação dos meus
saberes, hábito que considero um dos maiores defeitos possuídos por mim. Mas de
todas as minhas vaidades, essa aqui, de escrever, é com certeza a minha maior.
Tenho muito orgulho, além de prazer, de ser escritor, mesmo sendo extremamente
realista sobre minhas capacidades e habilidades, um dos dias mais felizes da
minha vida foi quando peguei em mãos pela primeira vez o meu primeiro livro.
Por conscientemente ser tão pouco vaidoso, ou seja, eu me
enxergo e me entendo como tal. Tal foi, então, o meu espanto ao descobrir em
terapia que muitas das causas dos meus sofrimentos emocionais vêm justamente do
outro lado do espectro: durante as minhas sessões no divã descobri que sou
muito carente e altamente autocentrado. Preciso de atenção e que a atenção seja
direcionada para mim.
Semanas depois dessa descoberta, tal entendimento ainda me
causa estranheza. Como posso ser ao mesmo tempo uma pessoa sem vaidade, sem
orgulho e ser carente, necessitado? Para mim essa é mais uma das minhas muitas
contradições e conflitos que acabam por me definir.
Algum pensador, mais sábio e mais bem resolvido do que eu,
já terá formulado que a nossa definição é a soma do que somos e do que
não-somos, aliás, todas as coisas do mundo são definidas pelo que são e pelo
que não-são – o ser é o não-ser não-é – o grande problema, pelo menos no meu
entendimento, está justamente em saber dar valor a ambas as partes. Eu, até
agora, não soube equacionar as afirmações e suas negações.
terça-feira, 26 de maio de 2015
Diário de um Professor: A Pedagogia da Violência
Nas últimas semanas, em todas as
esferas de comunicação, uma discussão tem sobressaído: a votação da PEC 171/93,
que reduz a maioridade penal no Brasil de 16 para 18 anos. Não pretendo, agora,
discutir com você, leitor, sobre o mérito dessa proposta de emenda
constitucional, pois ainda não consegui formular uma posição definitiva sobre o
tema. Acredito que há justificativas racionais em ambos os lados do debate, que
em sua maioria tem sido elaborado pelo fígado e não pelo cérebro. A discussão
deve ganhar ainda mais visibilidade com a morte, por um menor de idade, do
cardiologista Jamie Gold no Rio de Janeiro no último dia 20.
Um dos fatos que mais me saltou
aos olhos desse caso foi que o menor já havia indo e voltado diversas vezes
tanto de ações sócio-educativas como de ações punitivas. Salta-me aos olhos
pois o sistema de correção juvenil apresenta no Brasil um baixo índice de
reincidentes.
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Um Beijo Irlandês pro Seu Recalque!
Que dia maravilhoso foi o último
sábado (23)!
E por que, deve estar se
perguntando meu raro leitor. Simples: em um plebiscito a República da Irlanda,
um país com fortes influências católicas e que até o não tão distante ano de
1993 era proibido qualquer forma de expressão homossexual, legalizou o casamento
gay, e faz parte hoje de um pequeno grupo de 19 países onde o casamento gay é
legalizado, o Brasil incluído nesse rol.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Diário de um Professor: Enfim, me Venceram
Às vezes, ser professor não faz o
mínimo sentido. Temos que, ao mesmo tempo, ser profissionais e exercemos nossa
profissão com maestria e ser uma espécie de santos que recebem apenas com amor
e carinho pelas suas funções. Faz sentido você chegarmos para um CEO e falar
para ele: “olha, você vai ganhar um
salário bem abaixo das suas necessidades, mas sabe como é, você faz isso por
amor, contente-se.”. Para mim, sentido não faz algum.
Nós, os professores, estamos em
luta por melhores condições de trabalho e uma remuneração, ao menos, decente.
Durante meu período na faculdade muitos dos meus colegas simplesmente não
queriam ouvir falar em magistério para seu futuro profissional. Ou seja, em uma
das melhores universidades brasileiras, em um curso que é atrelado ao ensino,
formam-se, de fato, poucos professores. Não culpo meus colegas e pares.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Edmilson, o Taxista
Dias atrás, por conta do trabalho,
tive que fazer uma longa, longa viagem de táxi. É bom apontar que adoro
conversar com pessoas, ditas, comuns: atendentes de lojas, taxistas, cobradores
de ônibus, vendedores, porteiros, etc. Acredito profundamente que se você
quiser conhecer o âmago de uma determinada sociedade você precisa conhecer a
visão dessas pessoas que formam as camadas bases dessa sociedade. O taxista,
Edmilson, como o zagueiro pentacampeão, era um desses tipos simpáticos, que
adoram conversar e que não tem medo de se expressar, daí foram duas vontades
que se uniram, a dele de conversar e a minha de ouvir.
O Edmilson, nosso taxista, porém
era do tipo que é totalmente contrário à tudo aquilo que acredito: sonha que os
militares voltem ao poder, quer que menor infrator, não importando o delito,
seja trancafiado, acha que bandido bom é bandido morto, acredita que
professores não tem o direito de fazer greve, etc. Edmilson, enfim, era um
conservador e reacionário, de quatro costados, nada dessa onda neocon de
Facebook. Ele me disse que acreditava que o último bom político foi o Doutor
Paulo e que o governador Alckmin estava trilhando um belo caminho para se
tornar um bom presidente.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
O Benefício da Incerteza
Andando pelas ruas do meu bairro,
em um cenário muito prosaico e bucólico, me peguei em dúvida: será que estou
acordado ou dormindo? Pode parecer meio ridículo, ou fugaz, mas e quantas às
vezes você, e eu, não teve um sonho e se pergunto, durante o sono, se estava
acordado ou dormindo? Por que uma situação se qualifica mais “verdadeira” do
que outra? Isso é discussão para uma outra hora.
Pensando através de uma forma mais
filosoficamente, como podemos confiar tanto na razão quanto nos sentidos na
construção e entendimento do conhecimento, tanto no âmbito material quanto
metafísico, pois ambos já se provaram falhos e imprecisos. Dessa forma me
pergunto como podemos caracterizar o que é a realidade e o que de
fato acorre em nosso entorno.
Acredito que há duas soluções para
esse pequeno problema, o primeiro e talvez o mais fácil de se concluir, não que
traga alguma forma de desolação intelectual e emocional, é que essa realidade
não existe. Essa lição, a negação de tudo, é ensinada muito pelos filósofos
alemães pós-Schopenhauer e seu pessimismo.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
Nômade
Olho os prados à minha volta, os
pássaros a cantarem
Regozijando-se em sua liberdade
finita
Pertencem em determinado espaço
Em determinada liberdade
O poeta que em seu canto trôpego e
sem fôlego
Apenas quer viver a beleza que vê e
sente
Não é como os pássaros
Mesmo papéis e histórias lhe
determinando
Sua geografia é incerta, imprecisa
Como o vagar duma canção boca afora
O poeta que sofre pelas dores de
outrem
Nasceu mas vive sem raízes ou
endereço
Sonha com uma Pasárgada que nunca
existiu
Sonha pois nos sonhos está seu barro
primordial
Um nômade é o poeta simplesmente.
sexta-feira, 17 de abril de 2015
Da Imaginação ou A Busca da Reflexão Criativa
“A razão, por mais que grite, não pode negar que a imaginação estabeleceu no homem uma segunda natureza.”
Blaise Pascal
A nossa mente é constituída, não
pelo ponto de vista biomédico ou neurológico, de dois campos distintos de
apreensão e manipulação do saber: a Imaginação e a Razão . A primeira nos é
inata e precisa ser estimulada para não definhar; já a segunda é artificial e
precisa ser desenvolvida em um ciclo que tende ao infinito. Em ambos não há
nenhum tipo de negação ao raciocínio, pois este é a natureza de ambos, pode-se
assim concluir que a imaginação e a razão são categorias da mesma natureza. Como
apresentarei em um ensaio no presente volume, a Essência do ser é múltipla e
interior, já a Aparência é singular e exterior, ou sejam pode ocorrer mais de
uma Aparência para uma Essência. O Saber é aqui aproximadamente nossa Essência,
e a Imaginação e a Razão aparências daquelas. Em termos semânticos temos que a
Razão e Imaginação são a mesma coisa, porém vem-a-ser outras. Agora que não há
mais dúvidas em relação ao espaço, dedicar-me-ei à Imaginação, ou melhor, ao
seu uso como método cognitivo em prol da solução de problemas, de qualquer
natureza, sempre abordando um ponto de vista criativo.
A Imaginação é o campo da mente
que se ocupa das categorias mais dinâmicas e não concatenadas, que não apresentam,
necessariamente, uma relação de causa e consequência. No fundo tudo o que o
Belo acaba por tocar faz parte da Imaginação; desse modo, muitas pessoas tendem
a confundir, em termos conceituais, ela com a fantasia ou com algo irreal, porém
uma realidade sem qualquer toque imaginativo torna-se assim opaca, sem força.
Ela, todavia, não é nada além do que uma forma de raciocínio mais livre e sem
as amarras do binômio causa-consequência. Da Imaginação, a Dialética passa a
quilômetros, à deriva. Aqui é o reino do individual, do caráter mais individual
do pensamento. Para ela existir é necessário, também, haver o fator da
criatividade.
quinta-feira, 16 de abril de 2015
Bruno Indica #03: Daredevil (Demolidor)
Nesse Bruno Indico, eu falo um pouco sobre a nova série da Marvel, em parceria com a Netflix, Daredevil (Demolidor).
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sábado, 11 de abril de 2015
Bruno Comenta #04: Depressão e Psicofobia: Um Desabafo
Nesse Bruno Comenta, eu falo sobre as declarações absurdas do jornalista Luiz Carlos Prates sobre depressão e tendências violentas. Links: Relatório da Organização Mundial da Saúde das Nações Unidas sobre saúde mental: http://ift.tt/1ckhce2 "Sobre depressão, Andreas Lubitz e Luiz Carlos Prates", artigo do geneticista Eli Vieira sobre o assunto: http://ift.tt/1CCS6fX Se você gostou, não esquece de se inscreva no canal, curta e favorite o vídeo, além de compartilhar nas suas redes redes sociais! Meus Links: Meu blog: http://ift.tt/1ckhaTv Minha fanpage no Facebook: http://ift.tt/1CCS3Rj Meu Twitter: http://ift.tt/1ckhce4 Meu Instagram: http://ift.tt/1CCS3Rl Conheça um pouco da minha obra literária: http://ift.tt/1ckhce6
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sexta-feira, 10 de abril de 2015
Manuel Não Foi pro Céu
Mais uma vez alguém perdeu a chance
de, digamos, não falar bobagem. Dessa vez quem conseguiu a proeza de falar uma
asneira tremenda foi o cantor Ed Motta, ao falar sobre os brasileiros que vão
em seus shows no exterior. Destilando o mais puro preconceito e complexo de
vira lata, Motta apenas é um reflexo de como parte da classe artística e da
opinião pública brasileira vê nosso país e sua população.
Ed Motta ao dizer que não queria
que brasileiros gritassem, em português, e pedissem seu maior sucesso, ele
apenas está relinchando preconceito e ignorância.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
A Busca da Felicidade
Num desses dias, enquanto
ministrava uma aula sobre o período colonial na América portuguesa, um aluno me
perguntou porque eu lia tanto, para que isso servia, essas perguntas que
acredito que qualquer professor já ouviu. Na minha cabeça, tinha tantas
respostas para essa simples pergunta, que no final não tinha nenhuma.
Passei o resto do dia digerindo um
pouco a pergunta, e suas possíveis respostas. Passei o resto do dia
perguntando-me: por que eu leio tantos jornais? Por que eu estudo tanto?
Acompanho pelo menos uns cinco portais na internet, tanto nacionais quanto
estrangeiros, mais canais no YouTube, mais alguns blogs. Isso apenas para me
manter, metafisicamente, atualizado sobre o que está acontecendo ao meu redor.
segunda-feira, 30 de março de 2015
Diário de Bordo, Data Estelar 92772.21
Revendo os textos aqui do blog,
notei que há meses não fazia nenhum “Diário de Bordo”, que, para quem não
conhece, é onde escrevo sobre a minha convivência e aprendizado no que tange a
depressão. O último foi lá por setembro. Coincidência ou não, foi justamente
quando comecei a fazer terapia.
Para mim, para o meu processo
específico, a terapia tem me auxiliado, e muito, na minha busca por sentido e
significado, além de entender as causas e como lidar tanto com a depressão
quanto com a ansiedade. De certa forma, eu já vinha fazendo isso ao escrever
sobre os meus sentimentos e pensamentos, por aqui. A maior diferença que sinto
com a terapia é ter um observador objetivo que me ajuda a encontrar e trilhar o
caminho de forma muito mais competente.
sexta-feira, 27 de março de 2015
quarta-feira, 25 de março de 2015
sábado, 21 de março de 2015
quarta-feira, 18 de março de 2015
segunda-feira, 16 de março de 2015
Ontem
O Brasil foi acometido por uma
onda, uma nova onda, de protestos nesse final de semana. Começamos na
sexta-feira com um ato articulado pela CUT pró-Governo, e fechamos com as
manifestações de ontem, 15/03, com o ato articulado por diversos grupos
desgostos com o governo.
Esses atos foram articulados
através de grupos e páginas da rede social Facebook, o que mostra mais uma vez,
para algum desavisado, a potencialidade das novas formas de interação humana
proporcionadas pela internet.
As pessoas foram às ruas demonstrar
seu descontentamento com o governo e a atual situação do país, nada mais
democrático, certo? É... Sim e não.
sexta-feira, 13 de março de 2015
sábado, 28 de fevereiro de 2015
O Caso do Vestido (não, isso não é o nome de uma peça do Nelson Rodrigues)
A internet, talvez, tenha sido o
último grande salto tecnológico do homem, pelo menos nos últimos quarenta anos.
Proporcionalmente à sua capacidade de diminuir distâncias, dinamizar o acesso à
informação, proporcionar novas formas de negócios e criar todo um novo ramo do
conhecimento, todos positivos, ela tem a capacidade de criar discussões, termos
e debates inúteis. Totalmente inúteis, ou que nos levam de nada a lugar nenhum.
A última, aconteceu magicamente na
madrugada de quinta para sexta dessa semana, foi a discussão sobre as cores em
uma foto de um vestido. Vestido esse, na minha opinião, muito simples e comum.
Tenho sempre um pé atrás no surgimento orgânico de tais “polêmicas”, é preciso
nos lembrar que há sempre interesses monetários por trás desses buzzes.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Um Adeus, uma Escolha Difícil
Ontem, 10/02, eu e minha família
passamos por um momento muito difícil: demos adeus à nossa gata Dorothy. Ela já
tinha onze anos e vinha sofrendo com um tumor maligno na bexiga. Dorothy
nasceu, literalmente, em casa, ela era filha de uma outra gata, a Gata, que
morava conosco. Passou todos os dias de sua vida conosco.
De todos os bichos de estimação
que a gente teve, e sempre tivemos animais de estimação, ela talvez seja a que
tinha a maior personalidade, tanto que ela era muito clara quando gostava ou
não de alguém, além de quando a “dublávamos” ela sempre tinha uma excelente
persona, quase um personagem de alguma sátira de qualidade.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Perdido me Encontro em Sentido
Há tantos mundos além da porta
O que a exploração reserva-me?
As vozes, as vozes, as vozes...
É tudo tão vago, diluído
Perdido me encontro em sentido
Quem sou e quem é você?
Apenas somos dança e contradança
Se perdendo pelas estradas
cósmicas
Um universo é criado a cada passo
Perdido me encontro em sentido
O devaneio se perde
A matéria deflora
Tudo é sólido e fluído e gasoso
E não há algum sentido na poesia
Perdido me encontro em sentido
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Ano Novo no Retrovisor
(Criado durante a viagem de volta
de uma festa de Réveillon em Franco da Rocha)
Voltando da festa e fui pego,
invariavelmente, por um misto de nostalgia e esperança.
Não há, depois de festejar a
chegada de um novo intervalo determinado de tempo, e escapar inapelavelmente
desses sentimentos.
Me peguei a fazer listas sobre o
ano recém-morto. E meu ano, infelizmente, não foi nem um pouco e, em muitos
casos, nem um pouco aprazível.
Há um acalanto, entretanto, aqui:
não vejo como 2015 pode ser pior que 2014. Se igual, já estou preparado para
pior; se melhor, apenas benesses.
Chegada é a hora de, ainda
preocupado com o retrovisor, da esperança renovar.
E, sem resignação, aguardar.
E o resto é vida que segue.
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