quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Mea Culpa... ou Por Que É Tão Difícil Parar de Ler um Livro Ruim?


É com muito pesar que admito um esqueleto no armário: eu gosto muito dos livros escritos pelo Dan Brown. Sim, eu sei, ele escreve com uma fórmula pronta para simplesmente vender livros e ganhar muito dinheiro, e com isso vender os direitos de seus livros para o cinema e assim ganhar mais dinheiro ainda, num círculo quase infinito.
Isso sem falar da qualidade de suas histórias, que são, no mínimo, previsíveis e um tanto quanto absurdas, mesmo que plausíveis. Mas mesmo assim eu não consigo parar de ler qualquer livro que ele escreva, mesmo com vergonha de ler seus livros. Aliás, eu tenho essa sensação com a maioria dos autores de best-sellers, um dos meus autores preferidos é o Ken Follet, cuja literatura é tão rasa quanto um pires, porém suas histórias são muito bem narradas e construídas.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O Uso Político do Revisionismo Histórico


O historiador tem como dever, e função, sempre olhar para o passado de forma crítica. Já há muito tempo que a História se afastou da busca de uma verdade única e totalizante, nos dias atuais a ciência histórica está cada vez plural em sua interpretação dos fatos e tempos históricos, tanto nas conclusões quanto no método.
Atualmente, historiadores podem chegar à conclusões muito ímpares em uma mesma linha de pesquisa. Pegue por exemplo a história colonial no Brasil: existem teorias tão diversas sobre a cultura canavieira que poderíamos levar uma vida de leitura apenas para entender os modelos propostos.
Uma das maneiras de olhar criticamente para o passado é revisar as interpretações, com base em documentação e dados, passadas. Isso não implica em negar fatos históricos, como alguns adeptos do chamado revisionismo histórico usam como método.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Diário de um Professor: A Educação e o Pensamento Crítico no Brasil

O grande filósofo inglês Bertrand Russell, no ensaio Livre-Pensamento e Propaganda, publicado em 1928, define os fins da educação da seguinte forma: “(...) A educação deveria ter dois objetivos: primeiro, oferecer um conhecimento definitivo, leitura, escrita, linguagem e matemática, e assim por diante; segundo, criar hábitos mentais que capacitem as pessoas a adquirir conhecimento e a formular julgamentos sólidos. O primeiro deles podemos chamar de informação; o segundo de inteligência. (...)”. Tal afirmação estaria ainda mais precisa se incluísse o caráter social da escola, porém é preciso notar que ele diz educação e não escola.
Passados quase noventa anos, a nossa educação ainda não conseguiu atingir esse estágio de desenvolvimento. Por diversos motivos, entre os quais a aplicação dos métodos neoliberais, a educação brasileira cada vez se vê mercantilizada e refém de uma lógica perversa.
Explico.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Porque Continuo Lendo Quadrinhos


Se há uns 18 anos atrás o Bruno de hoje se encontrasse com o Bruno de ontem e os dois conversassem sobre a marcha inexorável do tempo, e suas marcas na vida cotidiana, o Bruno de ontem ficaria muito espantada com a afirmação do Bruno de hoje que ele ainda lê histórias em quadrinhos, principalmente histórias em quadrinhos de super-heróis. Acho que o Bruno de ontem esperava que o Bruno de hoje, ainda mais esse hoje sendo hoje, esperaria que ele apenas lesse alta literatura e filosofia contemporânea... Ah, como somos ingênuos na mocidade.
Muita gente, em especial aqueles que me conhecem mais superficialmente, acham estranho pra caramba eu gostar de coisas, aparentemente, tão difusas como Wolverine e Bertrand Russell. Mas aconteceu, o que eu posso fazer?
Antes de tudo, é preciso explicar que há muito tempo os quadrinhos não são um amontado de asneira nacionalista ou ideológica. Cada vez mais, as histórias dos heróis vêm se aproximando de um tom mais realista, tocando assuntos do cotidiano e com uma profundidade dramática e narrativa cada vez maior. Para os mais jovens, adolescentes e jovens adultos principalmente, contemporâneos, é na mitologia dos heróis e nos games é que estão o grande depósito e espelho narrativo de sua geração. E não é à toa: a televisão e o cinema cada vez mais retratam o jovem como um modelo pronto e acabado, o que está longe da realidade dos mesmos.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Debate Político na Era das Mídias Sociais


Se algum marciano pousasse na Esplanada dos Ministérios agora e entrasse na internet, ainda mais se ele entrasse em alguma rede social, e depois alguém lhe contasse que tivemos, no Brasil, um dos pleitos mas acirrados e competitivos de todos os tempos, nosso amigo só poderia nos dizer:
- Vocês mentem em um ou em outro, ou são completamente malucos.
Nosso pequeno, e hipotético, amigo verde de longas antenas teria toda razão em pensar dessa forma. Se olharmos nossas timelines perceberemos que o assunto das eleições já é papel de embrulhar peixe. O problema, para esse mero escriba, não é a velocidade em que os ciclos de notícias nascem em morrem nas mídias sociais, mas sim uma falta de perenidade nos macrotemas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Uma Berlim, Uma Alemanha, Uma Europa


Ontem, dia 9, comemorou-se os 25 anos da Queda do Muro de Berlim. Para mim, tal evento tem duas importâncias: uma pessoal e outra “profissional”. Pessoal, afinal uma das primeiras memórias que eu tenho com total absoluta e certeza é ver o Pedro Bial de frente para o Portal de Brandemburgo noticiando a queda do muro. Algo naquela imagem plasmou em mim uma verdadeira fixação pela Alemanha, tanto que eu sempre tive uma verdadeira adoração à cultura e a hisória germânicas. É incrível o poder da memória em nós...
A outra, a “profissional”, afinal de contas estou em vias de me tornar “historiador”, é mais evidente e direta: estamos diante de um dos mais importantes episódios, ou fatos, históricos dos últimos 30 anos. Acho que juntamente com o 11 de setembro e a Revolução da Internet, a Queda do Muro de Berlim define, pelo menos em boa parte, a nossa atual conjuntura.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Pelo Direito à Escolha


Estou para redigir esse texto desde o último final de semana. Mas, como diria Getúlio Vargas, forças ocultas se levantaram contra a minha pessoa. E há vários motivos para que essas forças ocultas se levantassem, afinal falarei de um tema bem espinhoso: o direito para escolher quando morrer. O leitor mais atento reparou que eu utilizei apenas o direito a morrer, não o de morrer quando em estado terminal. O caminho pelo qual trilharemos é espinhoso, torto e com diversas armadilhas, afinal poucos tabus são maiores do que a morte na nossa sociedade. Há uma verdade miríade de assuntos correlatos a morte que nos levam a ter uma opinião sobre ela, passando pela biologia até a moral religiosa.
Meu estopim para finalmente escrever sobre o assunto foi a morte da norte-americana Brittany Maynard, que escolheu o caminho do suicídio assistido para não sofrer e causar sofrimento. Maynard tinha um caso grave de tumor cerebral que a faria definhar com o tempo, então, em uma atitude muito corajosa, resolveu acabar com o seu sofrimento e daqueles que os rodeavam.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Por Amor À Argumentação

Como todos sabemos, moro na região da Avenida Paulista e sabemos, mais ainda, que durante o final de semana que passou tivemos uma manifestação, todos têm direito a se manifestar em um estado de direitos, contra a eleição da presidente Dilma. Afinal vivemos, mesmo que ainda não percebam, em uma democracia frágil e ainda engatinhando. Vivemos aquele que um dia virá a ser a Idade de Ouro da nossa democracia. Ao áureo metal me refiro como questão histórica, não como governo(s), nosso tempo ainda vai ser lembrado como o tempo em que votamos para presidente, tiramos o mesmo do poder, elegemos um intelectual, um metalúrgico e uma ex-guerrilheira.
Não podemos perder o foco, por isso voltemos.