Como o leitor mais assíduo deste
humilde blog já sabe, eu tenho depressão e ansiedade. Esse mesmo leitor também
sabe que eu sou professor, na verdade, verdade mesmo, sou mais um preceptor. Já
contei aqui alguns perrengues que passei por conta desses dois fatores. Aliás,
muita gente me pergunta como eu concílio essas duas vertentes da minha
personalidade.
Como hoje, particularmente, está
sendo um dia meio ruim para mim, a produção ou a captação de serotonina por
minha parte não está me ajudando muito, então resolvi tentar responder essa
pergunta.
Ter depressão associado com
transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e lecionar, como equacionar esses dois
fatores? É BEM complicado, querido leitor. As duas doenças me fazem ter alguns
problemas, e até uma leve síndrome do pânico, tenho grandes problemas para sair
de casa, ou da minha zona de conforto, e para me relacionar com as pessoas, por
algum motivo que eu não sei/consigo explicar, eu tendo a querer me afastar
muito das pessoas, uma espécie de misantropia. Eu me relaciono muito melhor com
os humanos, e mesmo com os humanos com quem eu realmente me importo, através
dos meios eletrônicos.
E como te tudo isso, e ainda assim
ter que dar uma aula, que basicamente consiste em se envolver com os alunos e
transmitir o seu, ou um, conhecimento através de uma comunicação clara e
objetiva?
Bom... eu não sei responder à essa
pergunta, ou até sei, mas dai teria que fazer um texto bem longo e você,
leitor, não quer isso, quer? Apenas consigo dizer, não racionalmente, que eu me
transformo quando viro professor, meio como Batman e Bruce Wayne. Tanto que
estou tentando conseguir mais e mais alunos para ter menos períodos Bruce Wayne
(depressivo e ansioso) e mais períodos Batman (professor comunicativo, falante
e bem disposto).
Um dos grandes problemas desse
problema conjunto é não deixar passar para o aluno o meu estado de espírito. As
crianças têm uma capacidade enorme de observação e uma sensibilidade fora do
comum, e elas conseguem captar quando está tudo bem e quando está tudo mal com
o professor, ainda mais porque ainda temos uma visão de divisão política entre
alunos e professores, e sendo esses últimos colocados em um grau de
superioridade.
Confesso que tenho muita
insegurança em que me estado de espírito possa atrapalhar o aprendizado e o
desempenho dos meus alunos, tanto que em dias em que eu realmente não tenho
forças nem para sair da cama, e quem tem depressão sabe do que eu estou
falando, eu tento não dar aulas, por medo de atrapalhar, ao invés de colaborar,
com os meus alunos.
Para concluir: é uma situação,
para mim, muito complicada solucionar esse problema, principalmente com a minha
preocupação para com o aprendizado e o desempenho dos alunos, não sei se todo
professor que está na mesma situação do que eu. Mas posso afirmar positivamente
que lecionar, assim como exercer o meu lado criativo, é uma ferramenta poderosa
na busca de um ponto de harmonia, e de quem sabe, uma possível cura.