domingo, 31 de agosto de 2014

Diário de Bordo, Data Estelar 71227.6

Bom... vamos às novidades no front, pois há alguns dias eu não posto nada por aqui, muito porque eu andei ocupado procurando uma nova plataforma para blogar, além de outros percalços.
Não estou em Sampa, já vamos entender porque, estou em Sete Lagoas, Minas Gerais, na casa dos meus pais, me dedicando a duas causas: terminar meu livro de contos, O Livro de Taw e outros contos, e buscar uma recuperação para meu estado emocional, o que venho fazendo junto com a ajuda de uma terapeuta. Aqui é preciso botar o pé em cima da bola, e parar um pouco: demorei a fazer terapia por dois motivos: primeiro estava (ou estou ainda, não sei mais responder à essa questão) melhorando minha condição de estabilidade emocional, os dias normais, aqueles que não há nem euforia nem depressão estavam se tornando mais costumeiros, se fizesse terapia antes do tempo, provavelmente mexeria em um vespeiro totalmente desprotegido; segundo, demorei um pouco para encontrar um profissional que se encaixa-se no meu perfil, a relação entre terapeuta e paciente precisa ser muito estreita, então é preciso que ajam certas afinidades, no sentido de ideais e sistema de pensamento (isso claro, falo sob o ponto de vista do paciente, não sei se os terapeutas compartilham dessa mesma preocupação, só me resta esperar que sim).

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

La Vieja

Às vezes as crises de insônia que me acometem têm repercussões superpositivas, na maioria dos casos sou eu apenas olhando para o teto sem muito no que pensar ou pensando em bobagem.
Nesse final de semana, de sábado para domingo, uma dessas crises me bateu forte, fazendo que eu acordasse perto da meia-noite e ficasse acordado o resto do dia, domingo. Porém não foram horas desperdiçadas.
No sábado, no começo da tarde, aproveitei que minha mãe e meus avôs estavam presentes e resolvi rever alguns álbuns de fotografia antigas. É bom estar com os três porque eles têm memórias, ou construções de memórias diferentes, o que me permite, graças ao treinamento como historiador, criar uma narrativa mais “realista”.
E um dos álbuns me deparo com as fotos de um trabalho que fiz para a escola em 1998; a matéria era geografia e o tema era o impacto urbano da industrialização da cidade de São Paulo nos 1920 a 1940. Duvido que a professora tenha passado exatamente esse tema, mas uma das vantagens da distância temporal é retorcer tudo ao seu favor, como a gravidade.

domingo, 17 de agosto de 2014

Memórias Paulistanas: Vila Maria Zélia, Brás, Mooca (1998)

Esse post vai ser um pouco diferente, ao invés de eu escrever um texto sobre qualquer assunto, resolvi compartilhar contigo um pouco das minhas memórias, algumas das melhores, que tive da cidade antes de me mudar para Porto Alegre.
Essas fotos foram batidas em 1998, ou 1999, não me lembro muito bem, para um trabalho de geografia da cidade de São Paulo e seus antigos bairros operários.
Todas as fotos foram batidas com uma Pentax, não sei o modelo agora, e digitalizadas agora por mim mesmo.

Os créditos dessas fotos, não são minhas, tinha 15-16 anos à época, são todas do Humberto Athayde, A.K.A. Papai.

sábado, 16 de agosto de 2014

Diário de Bordo, Data Estelar 70305.1 (ou Eu Deveria)

Ontem, dia 15, tive uma crise de depressão muito forte, mas muito forte mesmo. Passei, literalmente, o dia inteiro debaixo do coberto, ora lendo O Coração das Trevas, de Joseph Conrad (que, aliás, pretendo escrever um ensaio sobre suas contradições) ora escrevendo, ou melhor preparando um esboço para um Bildungsroman (termo da crítica literária para “romance de formação”, aquele romance em que há a descrição de um processo de formação moral, ético, psicológico, estético, etc., um dos melhores exemplos talvez seja Cândido, de Voltaire.
Além disso, por puro escapismo, resolvi tomar dois compridos de cada um que encontrei dentro do meu quarto, e se por algum motivo tivesse algum outro narcótico, desses do proibido, tomaria tudo. Meu objetivo era não acordar hoje. O resultado: umas 18 horas de sono, e uma pequena ressaca e tontura até hoje.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Diário de Bordo, Data Estelar 70023.9

Antes de tudo: a data estelar desse post faz referência não ao dia de hoje, mas sim a ontem, às 19:15.
E por que faz tal referência? Porque ontem, nesse horário, nasceu Luiza, primogênita do meu irmão mais velho, que durante muito eu fui seu mais velho, mais pela minha felina e insuperável capacidade de colocar sobre meus cuidados aqueles a quem amo profundamente.
Ela, que ainda é feita de material estelar e de sonhos, ainda não sabe muito sobre mim, me viu apenas uma vez em sua pequena vida. Ainda não sabe da minha condição de saúde, nem nada do gênero.
Porém espero que um dia ela, e o Feijão, filho vindoura da minha irmã caçula, além de Kaique e Yasmim, filhos dos meus cunhados por parte marital, entendam que neles está depositada, em fundos a perder de vista, um pouco da minha esperança.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Diário de um Professor: A Angústia do Ensinar

O filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, que juntamente com Arthur Schopenhauer tem uma tremenda influência em mim, em seu magistral Begrebet Angest (O Conceito da Angústia) define o termo angst (livremente traduzido como angústia) como uma “uma antipatia simpática e uma simpatia antipática”, para ilustrar esse conceito ele utiliza a imagem de um homem à beira do abismo e a dualidade de desejos que ele possui: o desejo de preservar a vida e ao mesmo tempo o desejo de se atirar penhasco abaixo.
E o que isso tem a ver como o tema geral dessa sessão, que deveria tratar de pedagogia e do dia-a-dia de um professor/preceptor? Simples, todo professor sofre uma espécie de angústia, nos moldes do angst kierkegaardiano, do ensinar.

Segregação Não É Solução


Há algum tempo que gostaria de falar sobre esse assunto, mas as correrias da vida, meus projetos literários e outros compromissos me impediram de me debruçar sobre tal ele. E qual é ele? A proposta do governo de São Paulo de criar vagões exclusivos no Metrô e nos trens da CPTM para mulheres nos horários de pico. É o chamado vagão cor-de-rosa.
Bem, nada como punir a vítima pelo abuso sofrido. Por que segregar? Já ouço vozes dizendo que é melhor assim, que blábláblá. Esse projeto fere, no mínimo, o espírito republicano, que se baseia na igualdade de todos, não importando gênero, raça e crença, perante à lei e à sociedade.

sábado, 2 de agosto de 2014

Diário de Bordo, Data Estelar 69541.5

Olá, viventes!
Continuo na jornada através do tratamento da depressão. Preciso dizer que a medicação já começou a surtir algum efeito, tenho me sentindo muito mais disposto e animado com o mundo.
Além da medicação, alguns fatores têm ajudado muito: eu retomei o contato com grandes amigos de Porto Alegre – nada como a tecnologia moderna – além de começar a trabalhar bastante, começo de semestre, muitas provas e toda aquela paranoia dos pais para melhorem as suas notas.
Também voltei a ler, hábito que havia deixado um pouco de lado nos últimos meses (estou lendo O Coração das Trevas, do Joseph Conrad), agora só falta voltar a criar literatura mesmo, que é a minha grande vocação, enquanto isso vamos vivendo.

Bem acho que era isso, o resto é vida que segue.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Valesca Bovary ou Madame Popozuda

Valesca Popozuda apreciando uma boa crítica à sociedade burguesa
Eu nem mesmo acredito, mas vou dedicar mais um post à cantora Valesca Popozuda... Eu já tinha escrito um texto sobre ela e aquela bobagem dela ser ou não ser uma pensadora contemporânea (leia o texto aqui).
Essa semana foi propagandeada a informação que Valesca estaria rodando um videoclipe baseado em Madame Bovary, clássico da literatura universal de Gustave Flaubert.
Fiz o que não devia e fui ler os comentários dos sites e portais onde a notícia fora vinculada. Como sempre, um verdadeiro atoleiro de impropérios preconceituosos dos mais diversos tipos. Tinha de tudo, por causa dela ser funkeira, ser da favela, ser “iletrada”, ofender a dignidade de uma obra imortal. E por ai vai... Sempre que leio esses comentários tenho vontade de fazer como Édipo na caverna e vazar os olhos com uma faca.