quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sim, Somos Corruptos


Na minha experiência como professor de português para estrangeiros, campo, aliás, cada vez mais amplo por aqui, eu tenho que explicar um monte de gírias e expressões idiomáticas para os estrangeiros que vivem no Brasil.
Algumas traduções são quase impossíveis, como “tomara que caia” e enfiar o pé na jaca”, porém outras são impossíveis mesmo, não por uma questão linguística, mas por uma questão de cultura.
Aquela mais óbvia, por vários motivos, é o tal “jeitinho brasileiro”. Tente explicar para um alemão ou para um escandinavo, e suas lógicas puras, o que é esse tal “jeitinho” que tudo resolve. Eu já passei por isso, e, acredite, não foi muito fácil...
Mas o que está no cerne, no âmago, dessa questão? Eu estou plenamente convencido que é a falta de comprometimento com as regulações e regulamentos vigentes, sempre tendo como ponto de vista de obter os melhores resultados para si. Ou seja, corrupção.

Muito já foi dito sobre corrupção, muitos dizem que ela foi inventada em 2002, outros que em 1994, e há ainda quem diga que “na minha época não tinha nada disso.” Porém, conforme vamos nos debruçando sobre a mentalidade e a história do Brasil, percebemos que a corrupção está engendrada no devir brasileiro, naquilo que nos forma.
A corrupção em terras tupiniquins é endêmica, ela é formadora da sociedade, de toda ela, e não apenas uma prerrogativa da classe política ou do grande empresariado, afinal estes também são oriundos da nossa sociedade.
Evitando cair em um generalismo besta, mas todo brasileiro já praticou corrupção, tanto ativamente quanto passivamente. Imagine-se voltando de alguma festa, balada, baile, encontro, você bebeu aquela cerveja a mais, e tem uma blitz policial a frente, qual a sua primeira reação? “Quanto terei que pagar para me livrar dessa dor de cabeça?” Isso está no sistema e na mentalidade, não há muito o que fazer.
O grande problema está, evidentemente, quando aceitamos por conta disso, que sejamos rapinados por políticos desonestos e mal intencionados, que utilizam da coisa pública exclusivamente para bem próprio.

Para fechar, a corrupção não deve nunca ser tolerada e aceita, nas suas mais diversas formas, e em todas escalas. Foi parado em uma blitz, teve uma multa de trânsito justa, pague-a, não burle o sistema. Desviou dinheiro público, independentemente do volume e alinhamento partidário, que sofra as consequências legais e judiciárias de seus atos. Somente assim, de dentro para fora e de fora para dentro, que conseguiremos parar esse ciclo vicioso que dilapida nossas riquezas e nossa imagem.

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