Na minha experiência
como professor de português para estrangeiros, campo, aliás, cada vez mais
amplo por aqui, eu tenho que explicar um monte de gírias e expressões
idiomáticas para os estrangeiros que vivem no Brasil.
Algumas traduções são
quase impossíveis, como “tomara que caia”
e enfiar o pé na jaca”, porém outras
são impossíveis mesmo, não por uma questão linguística, mas por uma questão de
cultura.
Aquela mais óbvia,
por vários motivos, é o tal “jeitinho
brasileiro”. Tente explicar para um alemão ou para um escandinavo, e suas
lógicas puras, o que é esse tal “jeitinho” que tudo resolve. Eu já passei por
isso, e, acredite, não foi muito fácil...
Mas o que está no
cerne, no âmago, dessa questão? Eu estou plenamente convencido que é a falta de
comprometimento com as regulações e regulamentos vigentes, sempre tendo como
ponto de vista de obter os melhores resultados para si. Ou seja, corrupção.
Muito já foi dito
sobre corrupção, muitos dizem que ela foi inventada em 2002, outros que em
1994, e há ainda quem diga que “na minha
época não tinha nada disso.” Porém, conforme vamos nos debruçando sobre a
mentalidade e a história do Brasil, percebemos que a corrupção está engendrada
no devir brasileiro, naquilo que nos forma.
A corrupção em terras
tupiniquins é endêmica, ela é formadora da sociedade, de toda ela, e não apenas
uma prerrogativa da classe política ou do grande empresariado, afinal estes
também são oriundos da nossa sociedade.
Evitando cair em um
generalismo besta, mas todo brasileiro já praticou corrupção, tanto ativamente
quanto passivamente. Imagine-se voltando de alguma festa, balada, baile,
encontro, você bebeu aquela cerveja a mais, e tem uma blitz policial a frente, qual a sua primeira reação? “Quanto terei que pagar para me livrar dessa
dor de cabeça?” Isso está no sistema e na mentalidade, não há muito o que
fazer.
O grande problema
está, evidentemente, quando aceitamos por conta disso, que sejamos rapinados
por políticos desonestos e mal intencionados, que utilizam da coisa pública
exclusivamente para bem próprio.
Para fechar, a
corrupção não deve nunca ser tolerada e aceita, nas suas mais diversas formas,
e em todas escalas. Foi parado em uma blitz,
teve uma multa de trânsito justa, pague-a, não burle o sistema. Desviou
dinheiro público, independentemente do volume e alinhamento partidário, que
sofra as consequências legais e judiciárias de seus atos. Somente assim, de
dentro para fora e de fora para dentro, que conseguiremos parar esse ciclo
vicioso que dilapida nossas riquezas e nossa imagem.
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