sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ciência Tem Gênero?


Hoje de madrugada, a insônia bateu forte, então resolvi curá-la com algo incrível: o seriado de divulgação científica Cosmos: A Spacetime Odissey (exibido pelo canal pago NatGeo, às quintas, às 22:30), apresentado pelo Dr. Neil DeGrasse Tyson, uma verdadeira obra-prima para quem gosta de ciência e entretenimento, as animações são incríveis, o texto é extremamente acessível, do ponto de vista leigo, evidentemente, e pedagógico.
O episódio dessa madrugada: Sisters of the Sun, que explora a astronomia e a astrofísica do nosso céu estrelado, tendo como pontapé inicial as Plêiades, um aglomerado de estrelas aberto, de espectro tendencial para o azul, formado por estrelas brilhantes e quentes na Constelação de Touro.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Diário de um Professor: Socorro, meu filho não lê!


Como ainda não sou formado, estamos na batalha!, muito do meu trabalho é com aulas particulares e como tutor, sendo assim, preciso lidar muito com pais e alunos dentro de suas casas. O que aguçou meu senso de observação espacial para certos detalhes.
Cada vez mais eu percebo que os lares não têm bibliotecas, ou um espaço onde livros e revistas estão ao alcance de todos, inclusive para quem ali habita. O que é muito estranho para mim, afinal em casa, mesmo nos tempos de aperto financeiro, sempre havia um espaço destinado ao estudo e a leitura de modo geral.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Celebrando o Amor e o Casamento


Não tenho trejeito para o colunismo social, e acho que nem aqui é esse espaço, porém não tenho como “cobrir” um evento que me ocorreu sábado, e me levou à uma séria reflexão sobre o amor, relacionamentos e casamento.
Fui ao casamento de dois amigos muito queridos e amados, amigos de longa data e que tive o prazer de ver sua união sendo celebrada. Eles estão juntos, como namorados há mais de 10 anos. Durante esse período, eles tiveram seus percalços, seus problemas, suas desavenças. Eles podem ser fofos, mas ainda assim são humanos.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Por Que Continuar a Ler os Clássicos?


Por conta de um trabalho de redação que peguei, aliás falei sobre ele aqui, tive que ler um artigo científico sobre liderança e poder, e nesse texto havia uma aproximação entre esses dois conceitos, porém de uma forma positiva, tirando todo o caráter moral do poder, muito presente no senso comum e no meio empresarial, onde é visto como o demônio encarnado.
As autoras do artigo se baseavam em textos consolidados e clássicos, como O Princípe, de Nicolau Maquiavel, e Vigiar e Punir, de Michael Foucault. O que me levou a relembrar Harold Bloom e seu O Canone Ocidental, onde o crítico literário e professor estabelece uma espécie de códex a ser seguido por aqueles que queriam se considerar cultivados.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Diário de um Professor: Você Trabalha ou Só Dá Aula?


Estreando a sessão fixa Diário de um Professor, que vão ser crônicas, além de outros textos, sobre meu cotidiano como professor, além de minhas ideias sobre pedagogia, ensino e o espaço escolar, resolvi responder uma das perguntas que mais ouvi em toda a minha experiência ministrando aula: Professor, você trabalha ou só dá aula?
Essa pergunta pode chocar alguém que é mais velho, ou que não tem a mínima ligação com o magistério, porém essa é uma das perguntas mais frequentes dos alunos. Isso reflete a posição que a figura do professor ocupa no nosso imaginário: uma pessoa benevolente, geralmente incrustrada de uma autoridade moral, que abnegadamente espalha seus saberes para as gerações vindouras. A realidade, todavia, é muito mais profunda do que essa.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Diário de um Professor: O Fetiche do Diploma Universitário


Como se sabe, além de humilde blogueiro e professor, eu pego alguns trabalhos como redator e revisor de texto, afinal eu preciso viver de alguma coisa. Eu sempre recebo ofertas, também, como formatador de textos para teses de conclusão de curso e monografias. Aliás esse tipo de oferta tem cada vez crescido mais.
Eu não entendia muito bem porque, até meu último trabalho: uma pós-graduando em gestão de pessoas me pediu para revisar e formatar um artigo acadêmico cujo tema entre as aproximações entre liderança e poder, tema, surpreendentemente, que foi bem aprazível de ler e escrever sobre.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Mentalidade, Imaginário e a Longa História

O historiador francês, infelizmente recentemente morto, Jacques Le Goff ficou famoso por vários motivos, dois deles em termos metodológicos foram a promoção da história das mentalidades, e sua aproximação com a antropologia, e o conceito de duração histórica, principalmente os fatores de longa de duração. É dele, por exemplo, a análise que a Idade Média teria, de fato, terminado apenas depois da Revolução Francesa, porém ainda com resquícios em pleno século 20.
Em Heróis e maravilhas da Idade Média estão presentes todos esses conceitos, porém de forma reduzida, principalmente por conta que a maioria desses conceitos são explorados em outros livros de Le Goff, principalmente em O imaginário medieval. Então temos em mãos um livro que beira à divulgação científica.
Digo que beira, afinal a linguagem empregada é de rigor acadêmico, e os estudos apresentados, em quase todos os casos, são apresentados de forma minuciosa. É preciso lembrar que em nenhum momento Le Goff expõe seu arcabouço teórico, pelo menos não de forma clara e textual, assim sendo o livro passa a ser um meio termo entre um livro teórico e um livro de divulgação. É um bom texto para os bancos estudantis universitários e para professores se reciclarem.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

#somostodosmachistas


No domingo passado (11/05), pela quarta rodada do Brasileirão, jogaram Atlético-MG e Cruzeiro, clássico maior de Minas Gerais. Gostaria muito que o principal assunto da partida fosse exclusivamente os lances, os gols e, até, as polêmicas. É disso que se trata o futebol como esporte.
Porém, e há sempre ressalvas, não trataremos sobre os aspectos esportivos do match, ou cotejo, como preferirem. Foi com horror que fiquei sabendo, não assisti ao vivo o jogo, que a auxiliar Fernanda Colombo Uiliana, aspirante à FIFA, ou seja, competente e profissional, fora hostilizada por um erro que cometera.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Diário de um Professor: Resumos, Adaptações e o Cânone Literário Brasileiro


Na semana passada as redes sociais, sempre elas, foram invadidas com a notícia-bomba que o MEC aprovou um projeto, com financiamento público, de uma autora de adaptar para os tempos ultra-pós-modernos alguns textos de Machado de Assis para que as crianças e adolescente possam se interessar em literatura e leitura.
Eu, sinceramente, não entendi o fuzuê gerado por tal notícia. Eu estudei quase que toda a minha vida escolar em um bom colégio dominicano em São Paulo, e mesmo ali, antro do conservadorismo pedagógico, eu li adaptações e resumos de obras como Dom Quixote, Os Três Mosqueteiros, O Último dos Moicanos, Moby Dick, entre outros. Não me tornei um leitor limitado, muito pelo contrário, e nada me impediu de ler, depois com mais maturidade, as obras completas citadas.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Pequenas Barreiras, Grandes Saltos

O noticiário do futebol internacional foi pego de surpresa hoje com notícia que o Clermont Foot 63, time da segunda divisão da liga francesa, contratou a portuguesa Helena Costa como sua treinadora. Você, leitor, de daqui uns 10 anos vai achar isso meio estranho, porém ela, em 2014, é a primeira mulher a treinar um time profissional de futebol.
A treinadora, que tem em seu currículo passagens pelas categorias de base do Benfica, e pelas seleções femininas do Catar e do Irã, não possui experiência como jogadora profissional, porém ela se preparou para a carreira como treinadora, é formada pela Universidade Técnica de Lisboa, mestrado Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa e doutorado pela Universidade Lusófona de Lisboa. Além de cursos e participações de seminários promovidos pela Federação Portuguesa de Futebol, pela FIFA e pela UEFA. Ou seja, experiência ela possui.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Como assim Você É Ateu?

Como falei na minha crônica sobre ter depressão (leia aqui), eu sou ateu. Mas calma, sou uma boa pessoa. A ideia de escrever esse texto, que sempre esteve na minha cabeça, veio depois de algumas conversas com os pais dos meus alunos.
Não sei muito por qual motivo, a maioria dos pais dos meus alunos me questiona qual a minha religião. Acredito que pelo fato da religião fazer um grande papel na educação das pessoas, basta ver quantos colégios, escolas e universidades, têm alguma orientação religiosa.
A reação de quando falo sou ateu é quase sempre a mesma: espanto. Muitos deles confundem o fato de ser ateu, ou seja, negar ou não conceber a existência de um deus pessoal, com não ser católico, muitos me perguntam se eu sou evangélico, não sei o porquê. Alguns já me perguntaram se eu era judeu, mulçumano...
No senso comum, as pessoas tendem a confundir a religião com fé. Apesar de estarem bem próximas uma da outra, elas não são exclusivas uma da outra. Você pode ser cristão (fé) e não ser católico, protestante ou neopentecostal (religião).

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Um Futuro para a Parada Gay

Gostaria de começar o texto pelo seu começo, porém preciso retroceder um pouco para evitar mal-entendidos e julgamentos errados. Para começo de conversa, você que ainda não me conhece, sou um grande defensor de todas as liberdades individuais. Todas, e nesse contexto a sexualidade eu encaro como um direito individual, ou seja, a sexualidade unicamente interessa aquele que a exerce. Cada um cuida do seu como bem entender.
Outra das minhas causas é defesa das chamadas “minorias”. Não gosto muito desse termo, pois detona algo a parte de uma sociedade democrática, assim eu prefiro o termo “vozes”. Acredito que a inclusão – social, econômica, política, digital, etc. – dos excluídos deve ser prerrogativa de qualquer livre pensador humanista.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Futebol, Racismo e Bananas

No último domingo (27 de abril), o lateral direito da seleção brasileira e do Barcelona fez um ato que causou furor no noticiário: ao bater um escanteio, um torcedor do Villareal jogou uma banana em campo, em ato puramente racista, e então Daniel Alves pegou a banana e a comeu.
Uma atitude genial, afinal ele embaralhou o campo semântico, ao tirar do ato, uma banana sendo jogada para um macaco (um negro ou pardo), ao reduzi-lo ao fato de uma banana ser... uma banana. Parece ser algo idiota, afinal bananas são frutas e frutas têm que ser comidas, porém ele fez um jogo intelectual muito complexo e com espontaneidade, o que mostra a ainda mais força por trás do ato.
O campo semântico tem muito poder, porque, simplificando muito, remetem à semiótica de signos, significado e significante. Ou seja, temos um signo, banana, que tem dois significados distintos, uma fruta e uma alusão racista, e frouxa, aos negros, e o que esse significado possui para o quem o observa, o significante. Naquela situação, naquele contexto, o segundo significado pareceria o mais apropriado. E ai que entra a virada no jogo do campo semântico. Em um lance que não dura dois segundos, Daniel Alves talvez tenha alcançado o maior feito de toda a sua carreira.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Diário de Bordo, Data Estelar 91934.68 (“Sim, Eu Tenho Depressão”)

A cena se repete, mais vezes do que gostaria, com outros elementos, com outros cenários, até com outros acontecimentos, porém o cerne da história é praticamente a mesma, por isso achei que dessa vez daria um texto, uma crônica, para ilustrar algo que levo preso à garganta.
Semana passada fui fazer uma entrevista de emprego em um colégio no Sacomã, bairro da região Sudeste da cidade de São Paulo, perto do Ipiranga e da Vila Prudente. A vaga era para ministrar aulas de sociologia, filosofia e história para turmas do 9º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio, ou seja, seria responsável por uns 120 jovens ao todo.